22 de fevereiro de 2012

ENTREVISTA A MELISSA...


Melissa, internacional A de futebol e de futsal, veste a camisola 10 da Rede Jovem/Coelima/IESFafe. Possante, determinada e bastante evoluída tecnicamente, é a capitã de equipa.
Melissa na primeira pessoa...

Apesar de jovem, contas já com alguns anos de experiência no futsal. Queres falar-nos do teu percurso desportivo?
Esta é a sétima época que jogo futsal, sendo que até aos 15 anos joguei futebol, numa equipa masculina, onde passei pelos diferentes escalões de formação. Ingressei no futsal na época de 2005/2006 no SC Maria da Fonte onde estive 3 épocas. Depois, na época 2008/2009 representei a ADC Gualtar. Nas duas épocas seguintes regressei ao SC Maria da Fonte e agora estou na Rede Jovem/Coelima/IESFafe.

Como foi o ingresso no projeto da ARJM? Como é que tudo aconteceu?
O ingresso foi natural… acompanhei a equipa técnica e grande parte das atletas que já jogavam comigo no anterior clube. A estas juntaram-se outras atletas que também já tinham jogado comigo. O projeto foi-nos apresentado e dado o facto de reunir excelentes condições, ser bem sustentado e permitir a minha contínua evolução, não podia recusar.


E como podes, nesta altura, classificar esta nova experiência?
Obviamente que só tenho de a classificar como muito positiva. Gosto muito de trabalhar com rigor porque só assim se consegue chegar mais longe e aqui consigo fazê-lo. Aqui toda a gente trabalha e quer sempre mais e isso assenta na filosofia que sigo na minha vida. Jogo ao lado de algumas das melhores atletas de futsal nacional, sou treinada por uma excelente equipa técnica e além de tudo vivemos num ambiente de grande harmonia e cumplicidade.

Estás ligada a uma equipa com objetivos concretos e que passam por lutar pelo título, és também capitã de equipa, sentes uma responsabilidade extra por esse facto?
A nossa equipa é constituída por atletas jovens, muito jovens, apesar de algumas já terem alguns anos de futsal. Sabemos que lutar pelo título não é fácil quando se tem no mesmo campeonato o campeão nacional, mas olhando para a nossa equipa e para a sua qualidade, é legítimo sermos candidatos. Talvez, neste momento, o objetivo esteja mais longe, mas há algumas coisas que, apesar disso, não mudam e que passam pela vontade e determinação com que continuaremos a trabalhar para sermos melhores. Quanto à responsabilidade, não é maior ou menor por ser capitã, porque neste grupo todas têm uma grande responsabilidade e sabem o importante papel que desempenham. Representamos um clube que nos oferece ótimas condições e que merece todo o nosso empenho e dedicação. Sentimo-nos todas responsáveis por honrar a camisola e isso não mudava mesmo que os objetivos fossem menores.


Ao entrares de corpo e alma neste novo desafio, certamente criaste determinadas expetativas. A equipa tem correspondido a essas expetativas?
Entrei com toda a vontade, porque para mim é um orgulho poder jogar ao lado destas atletas e claro que criei algumas expetativas, como toda a gente. Algumas já haviam jogado comigo e este novo desafio permitiu que eu voltasse a jogar ao seu lado. Isso para mim foi único porque o tinha como objetivo pessoal. Depois, juntas, criamos expetativas naturais, conscientes de que se trabalhássemos bem íamos ser ainda melhores do que no passado e neste propósito apostamos no trabalho como grande arma. Temos consciência que ainda podemos evoluir e melhorar e isso ajuda-nos a preparar o futuro.

Esta época vestiste, pela primeira vez, a camisola da seleção nacional de futsal. Apesar de representar Portugal não ser uma experiência nova para ti, dado que já és internacional de futebol, como te sentiste?
Representar a seleção nacional é motivo de grande orgulho, pois transportamos a responsabilidade de representar uma nação, o nosso país! Este sentimento perdurará no tempo, independentemente da modalidade que representar. Obviamente que representar a seleção de futsal era um desejo que carregava em mim e graças a Deus consegui concretizá-lo e da melhor forma possível. Representar as duas seleções numa mesma época é inexplicável, só posso dizer que me deixa muito feliz.


Como fazes a coordenação entre a seleção de futsal, a seleção de futebol e a nossa equipa?
A verdade é que nem sempre é fácil porque concentram-se muitas competições numa só época, o que me obriga a uma preparação especial, principalmente em termos físicos dado que as duas modalidades têm palcos e ritmos diferentes, entre outras coisas. Felizmente nenhum dos estágios das seleções se sobrepôs e lá se foi gerindo da melhor forma. Depois as equipas técnicas e direções, quer das seleções quer da nossa equipa, têm sido compreensivos e procuram encontrar as melhores soluções para que eu não falte aos diferentes compromissos. Se representar a seleção é algo importante, também não me sentiria bem em abandonar a nossa equipa, nem seria justa para com as minhas colegas, equipa técnica e todos que investem nela, por isso todos os esforços são feitos, também junto da AF Braga, para que possa estar sempre presente. Devo ainda realçar que, para além do futsal e futebol, tenho que me concentrar no término da minha licenciatura e nos compromissos adjacentes à minha carreira enquanto profissional de Educação Física e Desporto, o que complica a coordenação e organização do meu tempo. Tenho perfeita noção que o meu futuro passa pela minha formação académica e como tal não a posso descurar, por nenhum momento. Neste aspeto conto com a importante compreensão da coordenação do curso e de todos os professores.

Quais são os teus desejos pessoais e coletivos?
Os meus desejos pessoais estão intrinsecamente ligados aos objetivos coletivos. Todos os dias treino e adoto um estilo de vida que me permita atingir/manter a máxima performance, permitindo ajudar a minha equipa a obter os melhores resultados possíveis.


O futsal feminino está em franco crescimento e muito se fala da criação de um campeonato nacional. Como atleta, como comentas o estado atual do futsal feminino?
Creio que estamos longe de igualar os quadros competitivos do Brasil e da Espanha, mas demonstramos ter “matéria-prima” que nos permita atingir o mesmo patamar. Neste último ano temos assistido a um fluxo de iniciativas por parte dos clubes e do projeto “O jogo das raparigas” que em muito têm contribuído para acreditarmos que o Campeonato Nacional seja uma realidade a médio prazo. A curto prazo parece-me mais sensato começar pela criação de um campeonato do tipo zonal, dada a crise que o país atravessa.
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Para finalizar, queres deixar uma palavra a todos quantos vibram e acreditam no futsal feminino?
Sim, gostaria de pedir a todos quantos vibram e acreditam no futsal feminino para continuarem a trabalhar confiando no seu valor, mesmo quando não reconhecido ou devidamente valorizado. Todo o caminho que trilharmos hoje tornará o amanhã mais sorridente, seja para nós ou para as gerações futuras.

Perguntas de resposta rápida
Palavra para definir atual equipa: Nossa
Uma superstição: Nenhuma
Objeto indispensável no dia a dia: Telemóvel
Um defeito: Fria
Uma qualidade: Ambiciosa
Pessoa que admira: Pais
Comida preferida: Lasanha de legumes
Figura mundial que convidaria para uma conversa: Cristiano Ronaldo
Um sonho: Ver o futebol e futsal feminino com o mesmo impacto social e económico que o masculino.


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